Naquele tempo, os campos estavam apinhados de orcs tomados pela fúria assassina e pela sede de sangue que varria toda Ytarria. Há tempos, esquecidos estavam os desígnios do Eterno. No norte das planícies, uma região conhecida como Imarril, a luta era mais ferrenha. Dia após dia o tilintar das espadas fazia se ouvir e o silvo dos arcos confundiam com o ribombar dos tambores de batalha orc presos às costas dos rinôceros. Perigosamente a horda orc avançava em direção à casa de Crisariel. Do alto das torres de Andrusa, os elfos do mar aguardavam o ataque.
Dois mil orcs preparavam-se para a arremetida final para destruir os portões brancos. O último embate tinha durado toda à noite e um alvorecer vermelho indicava que teria mais um dia de árduas batalhas. Se a resistência em Andrusa caísse, os orcs estariam a dois dias de marcha das praias e dos portos de Aliare.
Eis que o combate iniciou. Como um martelo sobre a bigorna, os orcs se jogaram contra os portões. Por toda a manhã os elfos do mar sofreram grandes baixas e era questão de tempo até que o último obstáculo para os “Coelhos Mortos” fosse dizimado. Gotas de suor e sangue escorriam das frontes cansadas dos guerreiros. A esperança desaparecia com o cair da tarde.
Mais uma vez os orcs atacaram e quando o portão foi arrebentado uma corneta se fez ouvir no alto de um morro. Um único cavaleiro, envolto num manto negro, com detalhes rúnicos em ouro e prata, carregando uma trompa e portando a magia nas mãos.
Novamente ele tocou a trompa. Um silêncio mórbido se abateu sobre os orcs. Como resposta à trompa os rinôceros emitiram ao mesmo tempo um urro reconhecendo as ordens do senhor das criaturas vivas, ordem que emanava não da trompa, mas do anel que Erandril usava, o anel de Invisilis. Os olhos azuis de Erandril brilharam quando este apeou de seu cavalo e sacou sua espada mortal. No momento em que o elfo com sua cabeleira negra descia com uma seta contra seus inimigos, os rinôceros urraram novamente e voltaram seus chifres contra a horda orc. Muitos foram dilacerados pela surpresa inicial e, aproveitando-se do desespero dentro das colunas de coelhos mortos, os elfos de Andrusa recuperaram o fôlego e contra-atacaram.
Quando Erandril estava próximo de enfrentar as lanças que o aguardavam, seu anel irradiou um lampejo que cegou os lanceiros e, estes quando a recuperaram, avistaram a colina vazia a sua frente. O poder de Invisilis ocultou seu dono dos olhos apreensivos dos orcs que descobriram tarde de mais o que estava acontecendo. Invisível, Erandril ceifava a vida dos orcs que lutavam para manter a posição. Ademais, com a rebeldia de seus animais de batalha, as setas élficas que voltaram a cruzar os ares e o poder de Invisilis e seu dono, os orcs debandaram sendo quase que dizimados em sua fuga.
Assim, os portos de Aliare foram salvos. Muitos diziam que os orcs jamais venceram os elfos do mar, que as torres permaneceram firmes e que os orcs foram rechaçados facilmente, mas nada disso é verdade, os corpos dos elfos que ali pereceram estão enterrados debaixo dos portões para contar a verdadeira estória, que, se não fosse Erandril, senhor de Invisilis a vitória seria da horda de Coelhos Mortos.
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Pelas minhas barbas, muito bom mesmo!
ResponderExcluirMe lembrou o clima dos momentos mais épicos de O Silmarillion...
Odin, o Silmarilion foi uma das fontes que bebi para fazer o pano de fundo dessa campanha. Acho que falta isso nos livros de RPG que descrevem cenários. Eles são muito secos na parte descritiva e muitas vezes não conseguem dar o tom para que os jogadores possam seguir.
ExcluirConcordo plenamente contigo. Esta, inclusive, foi minha maior crítica em relação ao Forgotten Realms na 3a e 4a edição de D&D.
ExcluirOdin, pensava que os livros de D&D eram mais envolventes. Não sabiam que tinha esse problema.
ExcluirO bom, que isso pode ser resolvido com os romances que foram criados. "A Estilha de Cristal", "A Joia do Halfling", destre outros.
Muito doido, uma historia entalhada runicamente em minha mente, vendo que renasci como Erandril, e tentei ao máximo honrar o nome de tamanho héroi lendario. Sua melhor campanha druida, não pq os pcs faziam por merecer, mas pq os npcs tinha historias tão profundas e envolventes que fariam tolkien repensar alguns conceitos. E no final o amor que surgiu entre Lady Crisariel e Erandril, se tornou digno de Luthien.
ResponderExcluirRealmente o amor dos dois foi baseado na estoria de Luthien. Não sabia que tinha percebido essa alusão. Acho que do nosso grupo, só você percebeu a fonte que bebi.
ExcluirDruida, ja pensou em colocar um post com toda a campanha de Caitness, algo que merece ser compartilhado com a comunidade de rpg;
ResponderExcluirLan, nunca havia pensado nisso. Você fala na forma de diário de campanha ou as aventuras?
ResponderExcluiras aventuras com os mínimos detalhes seriam a melhor for de expor a campanha, o diário de campanha tende a ser mais resumido, cortando as partes que fazem diferença.
ExcluirTenho pouca coisa escrita e a memoria ja nao é a mesma. Eram aventuras distintas para dois grupos diferentes e tinha as interligacoes, pois pertenciam a mesma campanha. Vou tentar resgatar algo.
ExcluirRealmente são mto locas essas histórias paralelas à campanha. Abrilhantam-na mais até do que nossos pobres pcs (mais que os meus, pelo menos). A idéia do Lan é boa, mas a minha sugestão seria narrar contos focados num certo acontecimento ou personagem. E com o tempo, ir compilando e situando cronologicamente estas "Crônicas de Caithness" - gostaram do nome? Achei td a ver.
ResponderExcluirJosé, as estórias paralelas são realmente muito boas. Estava pensando nessas cronicas pelo fato de os cenários não passarem o tom das aventuras. Eles são muito descritivos e pouco lúdicos.
ExcluirDruida, acho que vc deveria pedir aos jogadores antigos que descrevam partes daquela aventura no ponto de vista dos personagens deles conforme eles lembra, e vc retira oq acha legal, e edita para o post, mesmo que nem todos façam isso, pelos menos os que fizeram ja te ajudaram a relembrar certos aspectos da aventura.
ExcluirLan, a ideia é muito boa! Rola de editar alguns textos em primeira pessoa, onde tem o ponto de vista do personagem. Vai ficar show de mais!
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