O papel formador dos veteranos
por Filipe Lutalo
No Natal de 2015, presenteei duas crianças com os livros-jogos Aventuras Fantásticas. Imagine qual foi o resultado?
Achei que seria uma excelente ideia para captar a atenção deles para o RPG. Além disso, daria uma forcinha para que eles desenvolvessem o hábito da leitura e para a matemática. Isso mesmo, pois, a cada jogada de dados o jogador tem que lidar com operações simples de soma e subtração.
Cada um ganhou além do livro, um conjunto de dados, lápis e borracha. Ao descobrirem o que era, mostraram um interesse imediato. Folhearam o livro e pediram-me para que eu explicasse um pouco como jogar. Expliquei superficialmente e, instruí a eles lerem o capítulo sobre regra.
Alguns meses depois, reencontrei os garotos e os perguntei se tinham conseguido terminar a aventura. A resposta foi surpreendente para mim. “Desistimos, pois não conseguimos entender algumas coisas”.
Nesse momento, percebi o quanto eu tinha falhado com eles. As crianças de hoje possuem mais estímulos que tínhamos na idade delas. Não adianta comprar um livro e simplesmente achar que eles irão lê-lo, caso não tenham o hábito de leitura. Mas qual a solução?
Simples. Temos que jogar com eles. Mostrar como se joga e passar toda a emoção daqueles parágrafos numerados para que eles tenham o livro como entretenimento. Se for um jogo de mesa, entretê-los, emocioná-los. Assim, com o tempo, quem sabe, eles farão por eles mesmos.
Muito pertinente a sua postagem, Filipe. A nossa geração teve a sorte de ser ensinada a compreender o mundo das formas mais tradicionais, mas viu também o advento das novas tecnologias remodelarem a mente humana sob certos aspectos. Por isso, temos uma mente mais plástica, capaz de assimilar o conhecimento através da leitura e estudo - como as velhas gerações - assim como filtrar rapidamente num oceano quase infinito de informações aquilo que nos é útil, usando e descartando em seguida - como as novas gerações.
ResponderExcluirEu vejo hoje as novas gerações perdendo o melhor destes dois mundos. O que pra mim é preocupante, já que demonstra um declínio ao invés de evolução. Não acho que uma ou outra forma de cognição seja a melhor, mas que elas são complementares.
Se fala muito nos dias de hoje em inserção digital, principalmente quando se trata de inclusão nesse mundo de pessoas de idade mais avançada ou de comunidades carentes. Acho que também é de suma importância criar iniciativas de "inserção analógica" entre os nossos jovens.
José, concordo. Mas independente da mídia, acho o que mais falta é a relação.
ExcluirEste é o mal do século XXI. A tecnologia - não que ela seja em si a culpada - tem sido usada mais pra alienar as pessoas do que pra integrá-las à sociedade.
Excluirconcordo em gênero, número e grau.
ExcluirEste é um problema sério; tenho duas sobrinhas pequenas e minha esposa trabalha como professora de redação em ensino fundamental, e a falta de concentração das crianças de hoje (por causa do excesso de estímulos digitais que recebem) é assustadora.
ResponderExcluirAchei muito nobre tua iniciativa, nobre irmão, e digo-te que mesmo que tivesses permanecido com eles jogando, o resultado teria sido o mesmo. Qualquer coisa que demanda um pouco mais de esforço ou concentração é visto pela maioria das crianças como algo "difícil".
Mas concordo contigo, que a solução para esta situação é permanecer ao lado deles e ir, gradativamente, mudando esta realidade. Não por saudosismo ou porque desejamos que eles apreciem algo que gostamos, mas pelo próprio bem deles.
Odin, tivemos avanços. Depois de termos jogados algumas horas com um deles, nas semana seguinte percebi que ele continuou a história. ;)
ExcluirO negócio é não desanimar!
Uma questão importante é que qualquer estímulo marca muito mais quanto mais cedo ele for aplicado. Crianças aprendem através do exemplo no dia a dia. Eu, por exemplo, adoro ler desde cedo, porque tanto meu pai quanto minha mãe sempre foram leitores assíduos. E assim é com todo o resto.
ExcluirExato. Tem que começar desde pequenino!
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