É um RPG em cartas
Histórias
de “faz de conta” se mostram eficientes no desenvolvimento
socioemocional de crianças. Por que não trazer também para a
vida adulta, já que o desenvolvimento não tem limites? Que tal
substituir o videogame? Seria fantástico, não é verdade?!
Apresento-lhes o único com potencial real de tomar a coroa, os jogos
de RPG.
Os
role-playing games (RPGs) já são conhecidos, muitos já
ouviram falar. Mas para os iniciantes, esse universo parece confuso e
imenso para ser explorado. Não vou discordar, ao final vou
apresentar uma plataforma facilitada para essa inclusão ser mais
natural.
O
RPG é um formato de jogo focado na interpretação de papéis, com
Personagens executando ações guiadas por um Mestre
que segue um Sistema de regras. Acabei de citar os três
principais componentes de um jogo de RPG, agora vou descrever a
função de cada um deles.
O Sistema de jogo no RPG
É
o conjunto de regras que orientam o que os personagens podem
ou não fazer. O objetivo é viver aventuras em um mundo imaginário,
quase sempre em grupo, focado na cooperação, não sair lutando
contra adversários.
O
Sistema não é um roteiro engessado, pelo contrário, os personagens
agem com liberdade de ação, limitado somente por um conjunto de
regras ptransparenteterminado. O Mestre é quem assegura que essas regras
sejam cumpridas, por isso ele é o único jogador que pode
quebrá-las em prol da diversão. Conhecer profundamente sobre o
Sistema facilita esse processo e evita abuso de autoridade.
Existem
diversos sistemas de RPG com universo próprio, quase sempre
encontrados em livros. Aventuras medievais, tecnologia futurista,
viagens no espaço, espadas e feitiçaria, eles variam de acordo com
o perfil do jogador, nível de dificuldade e acessórios a serem
utilizados. Dungeons & Dragons, GURPS e Tormenta são
alguns dos Sistemas de RPG mais populares no mundo.
O Personagem no RPG
A
interpretação dos papéis cabem a eles, os jogadores que
criam seus personagens fictícios seguindo as regras do sistema
escolhido pelo grupo. A partir de agora eles controlaram esses mesmos
personagens pelas aventuras.
Cada
sessão de RPG é chamada de aventura. Uma sequência de aventuras
mantendo os mesmos personagens torna-se uma campanha. Ao término de
cada aventura, o personagem recebe pontos de experiência (XPs), que
representam o seu aprendizado. Estes pontos tornam o personagem mais
forte, aumentando suas vantagens e habilidades.
O Mestre no RPG
O
Mestre cria a história e julga as ações de todos os
personagens durante o jogo. Ele não possui um personagem próprio,
mas controla todos os personagens não-jogadores da aventura.
O
mestre é responsável por dirigir e narrar a aventura, por
isso deve conhecer as regras como ninguém. Ser o mais experiente do
grupo vai ajudar a resolver possíveis conflitos de sistema, embora
ele possa quebrar as regras preestabelecidas para dar fluidez ao
andamento da sessão.
A maior dificuldade nos jogos de RPG
Cada jogador tem grande liberdade para criar seu personagem e interpretá-lo seguindo as limitações impostas pelo Sistema escolhido. Mas o jogador não pode, em hipótese alguma, usar conhecimentos que ele possui para se beneficiar, ele deve apenas interpretar fielmente seu personagem.
É
comum que o jogador conheça diversas coisas que o seu personagem não
conhece. Pode conhecer as regras do Sistema, por exemplo, e assim
aproveitar das vulnerabilidades do inimigo, isso é considerado
“anti-jogo”.
Além
dos conhecimentos distintos, a
personalidade do personagem também deve ser interpretada, não pode
ser herdada do jogador.
Ou seja, você pode não ter medo de barata, mas se seu personagem
tiver, você deve deixar de cumprir uma missão caso tenha que matar
uma com os pés descalços.
Essa
é a maior dificuldade encontrada pelos jogadores de RPG, separar
seus conhecimentos dos conhecimentos do seu personagem e abrir mão
da sua personalidade para interpretar a personalidade do personagem.
O
conjunto de regras estabelecido pelo Sistema não é o suficiente
para conduzir a imaginação de determinados jogadores, assim, a
dinâmica liberdade de criação do RPG compromete a fluidez do jogo
e consequentemente a diversão.
Richard Garfield criou a solução para o RPG truncado
A solução é criar limites além das regras dos sistemas de RPG e assim eliminar lacunas desnecessárias.
O
criador de Magic: The Gathering, o TCG (o
que é TCG)
de maior sucesso da história, Richard Garfield é fã de RPG e
declara adoração especial por Dungeons & Dragons.
Mesmo
declarando o gosto especial pelo RPG, ele deixa claro sua dificuldade
em separar as personalidades e os conhecimentos entre o personagem e
ele. A liberdade excessiva de criação o atrapalhava no
desenvolvimento das campanhas em grupo. Incluir limites projetados
na imaginação alavanca a diversão.
Foi
projetando esses “limites à imaginação” (ele prefere chamar de
“diversão guiada”) que Richard Garfield desenhou seus principais
jogos. RoboRally, desenhado por ele em 1985, colocava um tabuleiro
como guia para a imaginação. Já Magic, usa cartas para
substituir as decisões e narrativas dos Mestres em RPG.
O TCG resolve um problema do RPG
O
objetivo do RPG é que cada jogador, representado por um personagem,
ajude a construir, com suas próprias decisões, uma narrativa
repleta de desafios e interpretação. Quando envolvemos
“interpretação” o jogo podem sair dos trilhos, se levado muito
a sério por jogadores como Richard Garfield.
A
solução para esses jogadores, com muita ou pouca imaginação, é o
TCG, que podemos chamar - usando nossa liberdade de interpretação -
de RPG
em cartas.
Aqui
temos os mesmos componentes citados do RPG. O Manual
de regras
limita o que pode ou não ser feito, assim como o Sistema.
Os Cards
do TCG
substituem o Mestre
na condução da história, podendo, inclusive, quebrar as regras do
Manual. Os Personagens
continuam sendo os Jogadores,
assumindo os papéis principais na história.
O
TCG resolve o problema da liberdade excessiva de criação e a
ineficiência de muitos Mestres, que impedem a fluidez de muitos
grupos de RPG.
RPG x TCG
São jogos com características distintas, não estou propondo a substituição de um ou outro, nem tampouco, dizer que um é melhor que o outro, estou propondo uma descoberta natural de perfil. Cada jogador vai se adequar a um dos dois estilos, de acordo com seus propósitos. Veja agora outras características similares entre RPG e TCG.
Cooperação
É
uma característica marcante do RPG, mas a maioria dos TCGs focam no
duelo direto entre dois jogadores. Procure por TCGs que possam ser
jogados em equipe, voltando a reforçar a cooperação.
Quebra
de Regras
Em
TCG, os cards podem quebrar as regras do manual, assim como o Mestre
o pode fazer em algumas situações do RPG. Portanto, os efeitos
detalhados nos cards substituem as decisões de um Mestre, inclusive,
todos os TCGs possuem imagens e caixas de texto, que ilustram e
narram partes da história contextualizada do universo daquele TCG.
Uso
de dados
Eles
representam o fator aleatório existente em muitos RPGs e TCGs. A
chance do personagem conseguir ou não realizar uma ação pretendida
é depositada sobre a rolagem dos dados. É ele que define sucesso ou
fracasso de uma determinada ação, quase sempre atrelado a alguma
informação da ficha ou card, calculando assim a probabilidade do
resultado ser ou não favorável.
Força
e habilidades
Seja
na ficha do personagem, ou no card do TCG, a força e as habilidades
são muito bem definidas e levadas a sério em ambos os jogos.
Ganhar XP e fortalecer um Deck
Quer dizer que posso chamar qualquer card game de RPG? Definitivamente, não! Apenas um TCG pode ser chamado de RPG em cartas.
A
chave para essa resposta está justamente na característica mais
criticada dos TCG, o apelo comercial e o alto investimento para se
manter competitivo.
Magic:
the Gathering é considerado o pioneiro dos TCGs modernos. Um sucesso
incomparável do gênero, Magic gerou uma indústria centrada na
abertura de boosters aleatórios em busca de cards cada vez
mais poderosos para fortalecer os decks personalizados.
Expansões
lançadas regularmente adicionam cards à coleções temáticas,
dando liberdade aos jogadores para se fantasiarem nas histórias.
E o que isso tem haver com o RPG?
Jogar
sucessivas sessões de RPG com o mesmo personagem, tem a vantagem do
acúmulo de conhecimento e experiência, traduzido aqui como
pontos de XP. Esses pontos podem ser usados para dar força
ao personagem, seja em atributos ou habilidades.
As
expanções e o lançamento de novas coleções
regularmente fazem a história e o universo do TCG evoluir, além de
fortalecer os Decks dos jogadores, assim como acontece em uma
campanha de RPG, acumulando pontos de XP ao jogar sucessivas sessões.
Qual é a melhor porta de entrada para o universo TCG
Os críticos estão certos, manter-se competitivos em TCGs populares como Magic, Yu-Gi-oh e Pokémon, sai muito caro. A solução então é fugir dos populares e buscar por TCGs que ainda não são populares.
Tenho
uma ótima sugestão de Trading
Card Game para você começar.
Comece sua coleção com um Deck Starter e entre imediatamente no
jogo com um deck
pronto para jogar.
Assim
que aprender a jogar, poderá personalizar seu deck usando cards de
boosters, começando com o que acompanha o Deck Starter.
Você
não sabe quais cards vai encontrar em um booster, a curiosidade e a
surpresa fazem parte do processo. Assim você começa uma coleção e
troca cards com outros jogadores para conseguir aqueles que você
quer e ainda não tem.
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