Diálogos, Missões, Evolução e Imersão
Filipe Lutalo
Sem dúvida nenhuma, jogos de RPG eletrônicos são uma ótima fonte de inspiração para RPGs de mesa. Não só pelas histórias, mas também pelas possibilidades de interação que o jogo apresenta para os jogadores.
Engana-se que acreditava que os RPGs eletrônicos se resumem a uma quantidade de diálogos que os jogadores decidem qual fala escolher, entrelaçados com cenas de combate. Isso me lembra muito o aclamado Vendal Hearths quando joguei no PS1 ou 2. O jogo limitava as minhas escolhas e não me permitia muitas ações.
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- Fallout 76: Prima Official Platinum Edition Guide
- Fallout: A Tale of Mutation (English Edition)
- Modiphius Fallout: The Roleplaying Game
Em Fallout 3, esperava a mesma coisa quando comecei a jogar: diálogos, missões e combates, porém fui surpreendido e percebi que muita coisa poderia ser levado para os RPGs de mesa, seja no próprio Fallout da Modiphius Entertainment ou em outro da sua preferência.
Diálogos
No jogo, os diálogos são bem construídos. Dependendo de qual escolha você faz, cordial, ríspido, agressivo, os personagens não-jogadores (PNJ) lhe darão mais ou menos informações sobre o cenário. Nos RPGs de mesa, os diálogos são fundamentais. Ele é uma das muitas formas que o mestre encontra para passar informações para os personagens dos jogadores (PdJ). O desafio é calibrar o quanto o PNJ sabe, principalmente quando o mestre precisa improvisar. Fallout 3 mostra bem isso. Por exemplo, Lucas Sims, xerife de Megaton, sabe falar sobre os locais daquele refúgio, quem você deve procurar para conseguir armas e suprimentos, onde comprar comida, medicamentos, o bar local e sobre uma bomba que está no meio da comunidade. Ele tem uma visão geral da cidade e não fornece detalhes de cada PNJ ou dos arredores da cidade. O jogador precisará descobrir investigando e conversando com os demais personagens que encontrar.
Então, a primeira dica é estabeleça um limite para o conhecimento dos PNJ. Talvez pode ser apenas a indicação de outro personagem com mais conhecimento. E lembre-se, esses são os momentos cruciais de interpretação e uso de perícias sociais. Se seu RPG faz uso delas, coloque-as em prática.
Missões
Muitos jogadores de RPG gostam do estilo “sand box”. Fallout 3 me passou essa sensação, mas é claro que não é verdade. São inúmeras missões que você pode cumprir para evoluir o personagem, porém, tem um número limitado de missões que o personagem pode recusar. Todas as missões terão uma questão moral envolvida. Dependendo das suas escolhas, seu personagem acumula karma bom ou mal, que interferirá em como os PNJ interagem com ele.
Essa é a segunda dica para as suas aventuras de RPG. Coloque decisões morais para que os jogadores reflitam. Em uma campanha, ou aventura crie situações para que essas decisões interfiram no roleplaying. Um exemplo, os personagens dos jogadores mataram um Lobisomem, porém poderiam ter quebrado a maldição. Tempos depois, ele encontram com uma pessoa que amava o licantropo. Como essa pessoa reagirá aos “algozes” de seu amado? Será que ela entende que os jogadores escolheram um mal menor? Ela os ajudará, ou os trairá na primeira oportunidade.
Evolução do personagem
Uma das coisas mais legais do RPG é a evolução do personagem. Em Fallout 3, seu personagem começa criança, no VAUT 101. A medida que ele cresce e (conforme suas respostas na prova final) suas características iniciais são determinadas. Com os pontos de experiência, você pode continuar a evolução comprando novas perícias. A história do personagem determina sua capacidade inicial. Fantástico, não?
Durante o jogo o personagem encontra livros que ao serem lidos lhe confere alguns pontos de experiência em perícias específicas. Um exemplo, ao ler um livro sobre Treino de Pugilismo, o personagem evolui na perícia Combate Desarmado. Um outro aprendizado que o jogador pode usar é quando ele encontra um esquema de uma arma. Juntando Nuka-cola Quantum, uma lata vazia e outros itens dá para produzir uma granada caseira. Claro, o personagem precisa de um nível adequado de perícia e os equipamentos para fazer.
A dica aqui é, valorize as histórias de personagens com pontos extras e no decorrer do jogo forneça material para que os personagens jogadores possam usar como aprendizado. Por exemplo, o livro de Pugilismo em casa poderia conferir um ponto ou 200 h de treinamento na perícia Boxe no sistema GURPS. Uma receita de bolo de maça a muito esquecida executada pelo personagem em um concurso de tortas pode lhe render bônus na hora do teste de Culinária. Que tal a receita de um chá com uma planta que ao ser tomado, recupera um ponto de vida?
Imersão
Lembro que muitos RPGs de mesa, principalmente os de fantasia, incentivam o mestre a fazer mapas, pergaminhos ou bilhetes para serem passados aos jogadores no momento certo. Isso aumenta a imersão. O jogo utiliza muito isso. Ao longo da aventura, o personagem encontra áudios gravados em fitas que lhe dão pistas cruciais. Essa é a vantagem de jogos modernos.
Essa é a dica. Você não precisa ficar preso a linguagem escrita para passar uma informação aos jogadores, pode usar áudio. Lembra do capitão Kirk que sempre grava o seu diário de bordo. Você pode fazer algo parecido usando o gravador do seu celular. Na hora que os jogadores encontrarem, você simplesmente encaminha o áudio para eles. Caso queira, com alguns programas de edição de áudio você pode colocar barulhos de fundo. Isso aumentará muito a imersão dos jogadores.
Fallout 3 me encantou, e se você jogar, espero que curta também. Várias histórias e mecânicas apresentadas no jogo podem ser adaptadas para nosso RPG favorito e isso aumentará as possibilidades de interação e imersão. Espero que muito do que se tem no RPG eletrônico tenha sido bem-adaptado para o RPG de mesa.
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Curtiu as dicas? Você trás material e ideias dos RPGs eletrônicos para os RPGs de mesa? Quais recursos já utilizou para aumentar a imersão? Deixe um comentário!
Essa última questão dos acessórios durante a partida é uma coisa que eu realmente viciei depois que comecei a jogar RPG de mesa online. Trilhas e efeitos sonoros, imgs dos personagens, mapas, não pode faltar numa aventura. Meio que por isso me sinto ate hj meio que viúvo do Groovy kkkkkk, depois que o YouTube proibiu o bot de rodar musicas de lá.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário. O RPG de mesa on line permite muitos recursos para aumentar a imersão. Você costuma trazer algum recurso dos RPGs eletrônicos para a suas mesas de RPG On Line?
ExcluirNão, pq RPG eletrônico nunca foi mto a minha praia. Jogo de videogame e computador o máximo que eu consigo jogar é uns 15 minutos, depois me enjoa rs.
ExcluirEntendi. Lembrei do Dune 2000. Acho que foi você que me apresentou. Quando o Havster estava minerando spice, tinha que ficar de olho nos vermes de areia. Pensei em um enredo baseado nesse jogo. Os jogadores interpretam um tripulação de um havster. Entretanto, a máquina é pega em uma tempestade de areia que corta a comunicação. Infelizmente a maquina estraga também e os personagens precisam conserta-la antes que um verme chega para procurar um lugar mais seguro. Ao mesmo tempo, salteadores estão atrás da carga.
ExcluirDe fato os jogos eletrônicos contribuem do mesmo modo que o RPG de mesa contribuiu para evolução deles, além dessas imersões citadas, temos cenários incríveis que podem lhe trazer inspiração, principalmente nos jogos futuristas onde as vezes fica difícil uma certa descrição, você pode pegar uma imagem de determinado jogo e apresentar aos jogadores.
ResponderExcluirVerdade Walison! Jogos de cyberpunk por exemplo, conseguem trazer o visual para que os jogadores entendam o gênero. Muitas fotos são tão realistas que produzem uma incrível imersão nos RPGs de mesa. Obrigado pelo comentário.
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